A primeira fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a eleição venezuelana segue em linha com o que o brasileiro tem dito sobre Nicolás Maduro, que foi anunciado vitorioso na disputa presidencial pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), alinhado a ele.
Na terça-feira (30), o brasileiro disse que “não há nada de grave ou de anormal” no processo eleitoral venezuelano, mas que aguarda a apresentação das atas.
Na prática, não reconheceu oficialmente a vitória, mas fez um aceno a Maduro. A simpatia de Lula pelo presidente venezuelano já foi motivo de polêmica para o governo.
A CNN separou declarações de Lula sobre Maduro neste terceiro mandato do petista.
Relações restabelecidas
Em janeiro de 2023, antes de completar um mês de mandato, Lula afirmou que a Venezuela voltaria a ser tratada normalmente e que era contra “muita ingerência” no país.
O petista também afirmou que a relação entre os países seria reestabelecida. Em 2019, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) havia rompido as relações diplomáticas com a Venezuela.
Vítima de narrativa
Durante visita de Nicolás Maduro ao Brasil, em maio de 2023, Lula criticou o que chamou de “preconceito contra a Venezuela” e afirmou que o país é “vítima de uma narrativa de antidemocracia e autoritarismo”.
De acordo com o petista, caberia à Venezuela mostrar a própria narrativa para que as pessoas mudem de opinião. “Por tudo que nós conversamos, a sua narrativa é infinitamente melhor do que a narrativa que eles têm contado contra você”, disse Lula a Maduro.
Democracia relativa
Em junho de 2023, em entrevista à Rádio Gaúcha, Lula foi questionado sobre a situação política da Venezuela e afirmou que o conceito de democracia é relativo, já que o país vizinho teria mais eleições que o Brasil.
Lula também voltou a criticar as interferências no país vizinho. Ao ser criticado pelas falas, o petista afirmou que “cada um compreende a democracia do jeito que quiser” e que “a Venezuela é problema dos venezuelanos”.
Flexibilização das sanções
Em outubro de 2023, Maduro e a oposição na Venezuela assinaram um acordo que definiu diretrizes para eleições democráticas. Lula elogiou a medida.
Dois dias depois do acordo, como consequência, os Estados Unidos flexibilizaram as sanções econômicas impostas à Venezuela. O presidente brasileiro comemorou a decisão e disse que “sanções unilaterais prejudicam a população dos países afetados e dificultam a resolução de conflitos”.
Essequibo
Lula voltou a ter de tratar sobre Venezuela diante da crise entre Venezuela e Guiana. No início de dezembro, os venezuelanos votaram um referendo sobre a anexação da região de Essequibo, na Guiana.
No dia da votação, Lula disse que a América do Sul não precisava de confusão e que esperava “bom senso” dos 2 países para resolverem a questão. Dias depois, Lula se ofereceu para mediar a crise e disponibilizou o Brasil para sediar reuniões.
Eleições
No início de março, ao ser questionado sobre os candidatos opositores impedidos de concorrer na Venezuela, Lula disse que se a oposição do país vizinho tiver o mesmo comportamento que a do Brasil, “nada vale”.
Disse ainda que, quando foi impedido de concorrer nas eleições presidenciais de 2018, não ficou “chorando”.
Foi apenas no final de março que Lula começou a mudar o tom. Depois que outra opositora de Maduro não conseguiu registrar sua candidatura, Lula classificou a situação como “grave“.
Em abril, a oposição venezuelana se uniu e lançou uma candidatura única, a do diplomata Edmundo González Urrutia. O petista definiu a decisão como “extraordinária” e disse que o Brasil participaria do acompanhamento às eleições. Desejou também que o processo eleitoral fosse o “mais democrático possível”.
Em junho, Lula reforçou a Maduro, por meio de telefonema, a importância de observadores internacionais no processo eleitoral do país.
Tensão
Dez dias antes das eleições, Maduro afirmou que a Venezuela cairia em um “banho de sangue” caso ele perdesse a disputa. Lula afirmou que ficou “assustado” com a declaração e que o líder venezuelano deveria aprender que “quando você perde, você vai embora”.
Em resposta, Maduro disse que “quem se assustou, que tome um chá de camomila” e criticou o processo eleitoral brasileiro.
Desde então, houve uma tensão inédita entre os líderes desde o início do terceiro mandato de Lula. Diante da cautela e da demora para um posicionamento consolidado do
Brasil sobre o resultado da eleição, Maduro chegou a entrar em contato com a equipe de Lula pedindo um telefonema, que ainda não aconteceu.
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