O patrimônio é palco: Festival América do Sul valoriza a alma histórica de Corumbá

Governo do Estado transforma paisagem cultural em protagonista do maior encontro artístico da América do Sul

Corumbá, uma das cidades mais antigas de Mato Grosso do Sul, será o grande palco do Festival América do Sul 2025. De 15 a 18 de maio, casarões centenários, praças históricas, igrejas e ruas de paralelepípedo se transformam em cenário vivo para apresentações culturais, musicais e artísticas que integram o evento mais representativo da diversidade sul-americana.

Durante os quatro dias de programação, os espaços que compõem o conjunto histórico, arquitetônico e paisagístico de Corumbá ganham novos significados.

Estão entre eles o Casario do Porto, a Igreja Nossa Senhora da Candelária, o antigo Hotel Internacional, a antiga Prefeitura, o Forte Junqueira, o Forte Coimbra, o Casarão da Comissão Mista, a Casa do Artesão (antigo Presídio), o Instituto Luiz de Albuquerque (ILA), o antigo Mercadão e as praças Uruguai, da República e da Independência. O estacionamento da Rua Domingos Sahib também integra o entorno ativado pelo Festival.

Para o superintendente do Iphan-MS, João Santos, é fundamental que o patrimônio esteja em uso e dialogando com a sociedade.

“O patrimônio edificado só tem sentido se estiver ocupado. E o Festival faz exatamente isso: dá vida a esses espaços. O Casario do Porto deixa de ser apenas um cartão-postal para se tornar um lugar de vivência, de memória. É educação patrimonial, é devolver a cidade ao povo. Ter Corumbá como palco do Festival mais genuíno do nosso Estado é extraordinário”, afirmou.

O presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul, Valter Cortez, também destacou a relevância do evento.

“O Festival cresce a cada edição, ganhando projeção para além das fronteiras do Estado. É uma oportunidade de mostrar o que é produzido aqui e promover o contato direto com o nosso patrimônio. Corumbá tem mais de dois séculos de existência. A Fundação de Cultura está de parabéns”.

Morador de Corumbá e mestre cururueiro, Sebastião de Souza Brandão falou com emoção sobre a importância da iniciativa. “O patrimônio histórico conta a nossa história. Quem não conhece sua história não sabe de onde veio. Aqui é minha terra, aqui nasci e aqui deixo meu legado. O patrimônio não pode morrer”.

Para o jornalista, radialista e cerimonialista Pedro Paulo Miranda, que também é festeiro de São João, o sentimento é de orgulho. “Sou pantaneiro nato, com muito orgulho. Corumbá é o berço da cultura sul-mato-grossense. O Festival é um dos momentos mais esperados do ano. Ele reúne países, traz grandes atrações, mas, acima de tudo, é um intercâmbio cultural. Lançamento de livros, palestras, políticas públicas e a salvaguarda do nosso patrimônio. Estamos no coração do Pantanal, a maior planície inundável do planeta. Aqui a cultura respira o mundo”.

Funcionário da Fundação de Cultura de Ladário, Joilson Cruz afirma que o Festival representa integração.“Estar nesse ambiente onde se respira cultura é uma experiência única. O Porto Geral, com seu casario, representa o que temos de mais autêntico”.

O coordenador do Curso de Turismo da UFMS, Fábio Orlando Eichenberg, reforça que ativar o patrimônio com um evento deste porte é estratégico para o desenvolvimento local.“Movimentamos o turismo, a economia, a sociedade. E, claro, contribuímos para a salvaguarda de um patrimônio tão rico. Corumbá precisa dessa visibilidade.”

Segundo a diretora de Memória e Patrimônio Cultural da Fundação de Cultura de MS, Melly Sena, realizar o Festival no Porto é também uma ação de valorização.

“Corumbá é uma das cidades mais importantes do Estado, seja por sua antiguidade, seja por seu valor histórico. O Festival aqui é uma forma de honrar esse legado, atrair o turismo e reforçar o respeito pelo patrimônio. É a essência do Festival.”

Ao transformar o patrimônio em palco, o Governo do Estado de Mato Grosso do Sul reafirma seu compromisso com a cultura, a preservação da memória e o fortalecimento da identidade sul-mato-grossense. O Festival América do Sul é mais do que um evento. É um reencontro com as raízes de Corumbá e com a alma cultural do continente.

Karina Lima, Ascom FAS 2025
Foto: Marithê do Céu/Ascom FAS 2025