Após citar “Abin paralela”, Bebianno se viu em risco e evitou identificar policiais

O ex-ministro e advogado Gustavo Bebianno temeu estar em risco após citar a ideia do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) de criar uma “Abin paralela” com policiais federais no Palácio do Planalto.

Em entrevista ao programa Roda Viva da TV Cultura, no dia 2 de março de 2020, Bebianno contou que Carlos sugeriu criar um sistema de inteligência com um delegado e três agentes da Polícia Federal, porque não confiava no órgão oficial.

Após a repercussão da entrevista, Bebianno evitou voltar ao tema e a dar nomes dos policiais federais. Em conversa com a reportagem no dia 9 de março, o ex-ministro disse que não comentaria mais o assunto.

Questionado se havia riscos, Bebianno respondeu:

“Muitos. Além disso, os policiais em questão não fizeram nada de errado. Nem sei de fatos se prestariam a atender às loucuras do Carlos. Não vou prejudicar ninguém, porque não sei o que fizeram não”, disse.

Bebianno morreu cinco dias depois, vítima de um infarto.

O advogado foi coordenador da campanha a presidente de Bolsonaro em 2018. Ainda durante a corrida eleitoral teve os primeiros embates com Carlos Bolsonaro.

Mesmo com a contrariedade de Carlos, Bebianno foi nomeado ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência. Ele acabou demitido no dia 18 de fevereiro após uma crise com o filho do presidente.

A demissão ocorreu após Carlos ir às redes sociais dizer que Bebianno mentiu ao dizer ao jornal “O Globo” que havia conversado três vezes com o presidente no dia anterior.

A informação foi dada por Bebianno para negar que ele estava vivendo uma crise no governo.