Nesta quinta-feira (30), o Supremo Tribunal Federal (STF) decretou sigilo sobre o inquérito que analisa os indícios de interferência do presidente Jair Bolsonaro na investigação de corrupção no Ministério da Educação. Agora, a ministra Cármen Lúcia, que é relatora, deve pedir uma manifestação da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre o caso.
A Justiça Federal devolveu o caso para o STF depois que a Polícia Federal e o Ministério Público Federal (MPF) apontaram uma suposta atuação de Bolsonaro para atrapalhar as investigações. De acordo com o MPF, há indícios de que Bolsonaro alertou o ex-ministro Milton Ribeiro, que é investigado, de que ele poderia ser alvo de busca e apreensão.
O foro privilegiado do presidente Jair Bolsonaro faz com que o Supremo tenha que analisar se a investigação deve seguir no tribunal ou será devolvido para a primeira instância.
Na última quarta (22), o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro e pastores denunciados por esquemas de corrupção na pasta foram detidos. Um dia depois, eles foram soltos por ordem do Tribunal Regional Federal da Primeira Região.
De acordo com uma interceptação telefônica realizada pela Polícia Federal, em 9 de junho, Ribeiro disse a uma filha que Bolsonaro havia lhe relatado “pressentimento” de que o ex-ministro poderia ser usado para atingir o presidente. Na conversa, Ribeiro também fala da possibilidade de ser alvo de busca e apreensão, como de fato foi, dias depois.
“Hoje, o presidente me ligou. Ele está com um pressentimento novamente de que podem querer atingi-lo através de mim, sabe?”, disse Ribeiro. Em seguida, o ex-ministro afirma: “Ele acha que vão fazer uma busca e apreensão em casa, sabe? Bom, isso pode acontecer, se houver indícios, mas não há porquê”, disse o ex-ministro.