Região que abriga mais de 42% dos 156 milhões de eleitores brasileiros, o Sudeste foi o palco central das duas primeiras semanas de campanha dos principais candidatos a PResidência.
Desde 16 de agosto, quando foram autorizados pela Justiça Eleitoral a pedir votos, ir às ruas e fazer comícios, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Jair Bolsonaro (PL), Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB), os quatro que pontuam no agregador de pesquisas Locomotiva/CNN, intensificaram suas agendas em São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
O Sudeste tem mais de 66 milhões de eleitores. A região Nordeste é a com o segundo maior número de eleitores. Seus nove estados somam 42.390.976 brasileiros aptos a votar, o que representa cerca de 27% do total do eleitorado.
Pesquisa TV Bahia/Ipec divulgada na sexta-feira (26) mostra Lula com 61% das intenções de voto no estado, contra 20% de Bolsonaro. Ciro tem 7%, e Tebet, 1%. O Ipec ouviu 1.008 pessoas entre 23 e 25 de agosto. Registrado na Justiça Eleitoral sob os números BA-02873/2022 e BR-00575/222, o levantamento tem margem de erro de 3 pontos percentuais.
O peso de cada estado
Para Renato Dorgan, cientista político e especialista em pesquisas qualitativas e quantitativas, a vantagem de Lula no Nordeste pode ser “compensada” nacionalmente por Bolsonaro por seu desempenho “na região Sul e em estados fronteiriços, como o Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Acre, Rondônia e Roraima”.
O Rio Grande do Sul, por exemplo, é o quinto maior colégio eleitoral do país, com mais de 5% do eleitorado nacional. Junto de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Bahia, eles reúnem mais da metade dos votos do país.
Três desses estados (São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro) tiveram a preferência na fase inicial das campanhas. “Você pode até não ganhar na região [Sudeste], mas se sair muito mal dela, não conseguirá se eleger”, avalia Dorgan.
Lula esteve em São Paulo, Minas e Rio. Ciro também participou de uma caminhada na capital fluminense, e teve agenda em Curitiba (PR), Porto Alegre (RS), Juiz de Fora (MG) e Fortaleza (CE), onde fica seu berço político. Tebet tem priorizado o estado de São Paulo (além da capital, esteve em Barretos e Ribeirão Preto), mas já visitou Joinville e Itajaí, em Santa Catarina, e o Rio de Janeiro.
Em busca dos indecisos
Além de fatia relevante do eleitorado, o Sudeste ainda é explorado pelos candidatos pelo alto grau de indecisão dos eleitores locais. Na pesquisa Genial/Quaest publicada em 11 de agosto — 5 dias antes do início das campanhas —, 47% deles se declararam indecisos quanto ao voto espontâneo para a Presidência.
Tal como no mapa dos eleitores, o Nordeste vem em seguida, com 27% de indecisão. Ainda que a dúvida sobre em quem votar não represente a maioria dos eleitores, a avaliação de Renato Dorgan é que, neste ano, há uma “polarização definitiva”, na qual qualquer vantagem conquistada pode definir o resultado da eleição.
“Em outros anos, havia uma ‘terceira via’, o que diminuía a preocupação com uma resolução em primeiro turno e permitia uma campanha mais focada nos principais colégios eleitorais. Em 2022, todo o território importa, como nas eleições norte-americanas”, comenta o cientista político. Nos Estados Unidos, o pleito se define entre dois partidos e a contagem de votos é ainda mais decisiva.
No Brasil, mesmo os estados de menor peso eleitoral deverão ter espaço nas agendas dos concorrentes à Presidência até o início de outubro.
Casos como Roraima, Amapá, Acre, Tocantins e Rondônia, colégios com até 1% do total de votos, poderiam ser “menosprezados” em outras eleições, opina Dorgan, que conclui: “Em 2022, eles poderão ser imprescindíveis para um desempate”.