Maduro critica González por não cumprir duas intimações da Procuradoria-Geral da Venezuela

A Venezuela deverá empossar um chefe de Estado nesta sexta-feira (10) – mas ainda há dois homens que afirmam ser o presidente legítimo do país.

O atual presidente Nicolás Maduro deve participar de uma cerimônia de tomada de posse para iniciar o seu terceiro mandato no poder, apesar de muitos países em todo o mundo contestarem a reivindicação dele ter vencido as eleições presidenciais de julho do ano passado.
Maduro e Edmundo González, o candidato da oposição, reivindicaram vitória nas eleições presidenciais realizadas em 28 de julho.

O Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela, um órgão apoiado pelo chavismo, declarou formalmente Maduro o vencedor sem fornecer a contagem dos votos.

A oposição contestou e divulgou resultados recolhidos em todo país, dizendo que provavam que González venceu por uma vitória esmagadora.

Observadores independentes concluíram que as contagens publicadas pela oposição são provavelmente válidas, e vários países, incluindo os Estados Unidos, reconheceram Gonzales como presidente eleito nos últimos meses.

Milhares de venezuelanos protestaram contra os resultados logo após a votação, exigindo transparência. Muitos marcharam nas ruas e entraram em confronto com a polícia.

O governo da Venezuela respondeu lançando uma repressão massiva ao movimento de oposição do país, prendendo mais de duas mil pessoas, incluindo menores de idade, na primeira semana após as eleições.

O Ministério Público da Venezuela emitiu posteriormente um mandado de prisão contra Gonzales, o que o levou a fugir do país e a sua colega líder da oposição, María Corina Machado, a se esconder.

O que pode acontecer no dia da posse?

González poderia tentar entrar na capital venezuelana com figuras importantes ao seu lado.

O ex-presidente colombiano Andrés Pastrana disse à CNN que ele e outros oito ex-líderes da América Latina acompanharão González a Caracas, mas não especificou detalhes da viagem.

Entrar na Venezuela pode ser arriscado.

Pastrana respondeu à ameaça de Cabello no X, dizendo: “se eles não nos deixarem entrar, nos veremos na saída. Muito em breve”.

Além disso, na quinta-feira (9), a oposição afirmou que a ç[ider do grupo María Corina Machado foi “violentamente interceptada” e detida após protestos contra a posse do chavista que aconteciam em Caracas. O governo da Venezuela negou a prisão. Machado, por sua vez, disse que estava em “em local seguro” na noite de quinta e que iria relatar o ocorrido nesta sexta-feira.

Maduro disse que já recebeu um convite da Assembleia Nacional para tomar posse em uma cerimônia nesta sexta-feira.

Nos dias que antecederam a posse, a Venezuela disse já ter detido mais de 125 pessoas – entre elas estrangeiros de vários países, incluindo os Estados Unidos – que foram acusados ​​de serem ‘mercenários’ envolvidos em ‘ações de desestabilização’.

A cerimônia de posse na Assembleia Nacional em Caracas está marcada para começar às 13 horas no horário de Brasília. Após seu juramento e a apresentação da faixa presidencial, Maduro deve fazer um discurso à Nação.

Impacto internacional

A posse de Maduro pode deteriorar ainda mais as relações diplomáticas com muitos dos vizinhos da Venezuela.

A posse também deve afetar a migração nas Américas.

Sob a presidência de Maduro, até 8 milhões de pessoas fugiram da Venezuela devido à pobreza e má gestão econômica.

Entenda a crise na Venezuela

A oposição venezuelana e a maioria da comunidade internacional não reconhecem os resultados oficiais das eleições presidenciais de 28 de julho, anunciados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, que deu a vitória a Nicolás Maduro com mais de 50% dos votos.

Os resultados do CNE nunca foram corroborados com a divulgação das atas eleitorais que detalham a quantidade de votos por mesa de votação.

A oposição, por sua vez, publicou as atas que diz ter recebido dos seus fiscais partidários e que dariam a vitória por quase 70% dos votos para o ex-diplomata Edmundo González, aliado de María Corina Machado, líder opositora que foi impedida de se candidatar.

O Ministério Público da Venezuela, por sua vez, iniciou uma investigação contra González pela publicação das atas, alegando usurpação de funções do poder eleitoral.

O opositor foi intimado três vezes a prestar depoimento sobre a publicação das atas e acabou se asilando na Espanha no início de setembro, após ter um mandado de prisão emitido contra ele.

Diversos opositores foram presos desde o início do processo eleitoral na Venezuela. Somente depois do pleito de 28 de julho, pelo menos 2.400 pessoas foram presas e 24 morreram, segundo organizações de Direitos Humanos.

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