Onça pintada macho ficou 2 meses em tratamento após ficar ferida pelo fogo e hoje mora na Serra do Amolar
Um dos símbolo de resistência após a queimada no Pantanal em 2020, a onça pintada Joujou voltou a ser vista por pesquisadores na região da Serra do Amolar, próximo à Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Acurizal.
Há uma pesquisa sendo desenvolvida com o felino para identificar modos de vida e ajudar cientistas no trabalho de proteção. Essa espécie está na lista de risco de extinção.Joujou vem sendo monitorada por sinais emitidos por GPS e VHF a partir de um colar que tem no pescoço.
Com esse dispositivo, os pesquisadores tentam não só acompanhar por onde ele anda, mas também realizar contato visual para confirmar se a onça está bem.
O avistamento de Joujou ocorreu nesta terça-feira (31). O monitoramento já está sendo feito há oito meses e a onça macho foi resgatada do Pantanal com as patas queimadas em novembro de 2020.
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O tratamento durou mais de dois meses e o felino voltou ao habitat natural em 21 de janeiro deste ano.
“Ficamos entre sete e dez minutos acompanhando ele de longe. Ele andou na beira do barranco, continuou se movimentando, até perdermos ele de vista. Foi bem lindo”, relata a ecóloga e gestora de áreas do Instituto Homem Pantaneiro(IHP), Vanessa Morais.
O outro pesquisador que faz o monitoramento é o médico veterinário Diego Viana,coordenador do Programa Felinos Pantaneiros.
“Conseguimos avistar o animal poucas vezes. Acompanhamos o deslocamento dele diariamente pelos dados enviados pelo colar GPS e semanalmente analisamos essas informações importantes sobre a readaptação. A cada dia que passa conhecemos mais um pouco como o Joujou vive na Serra do Amolar”, explica.
O médico veterinário completa que identificar visualmente que o animal está bem faz parte desse trabalho de preservação.
“Registros como os de hoje confirmam que estamos no caminho certo. Nossos seguidores e quem acompanha o nosso trabalho nas mídias, tenho certeza que também comemora conosco, já que diariamente nos perguntam notícias dela”, revela Viana.
Fizeram registros da onça pintada e também estavam no barco a bióloga e doutoranda em Ecologia, Nathalie Foerter, e a médica veterinária e doutora em Ecologia, Grazielle Soresini.
Ambas do projeto Ariranhas.OPrograma Felinos Pantaneiros faz monitoramento diário de Joujou. A pesquisa tema parceria com o CENAP/ICMBio.
Com todo o material coletado ao longo desses oito meses, os cientistas identificaram, por exemplo, que a onça pintada prefere descansar e se esconder do sol entre 10h e 14h.
Além disso, sua área de vida é em 100 km² e seu maior deslocamento diário foi de 15 km, porém a média é 6 km/dia, exceto nos dias frios onde se movimenta muito pouco.
“Um verdadeiro corumbaense que não gosta de frio”, brinca o médico veterinário Diego Viana. Resgate e preservação Quando foi resgatado pela equipe do Gretap do fogo no Pantanal, com apoio do Instituto Homem Pantaneiro, Conselho Regional de Medicina Veterinária de Mato Grosso do Sul, Instituto Tamanduá, GRAD, UCDB, Semagro, Imasul, Ampara Silvestre, Ibama e Esquadrão Onça da Força Aérea, Joujou estava debilitado.
Uma situação que ficou no passado. Todo o trabalho de proteção à onça ocorre dentro do programa Felinos Pantaneiros, que é desenvolvido na Serra do Amolar, região do Pantanal de Corumbá.
A área integra atividades do Instituto Homem Pantaneiro, uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos e que atua diretamente na preservação do bioma, em 276 mil hectares.
O monitoramento desses grandes felinos ocorre desde 2016 e abrange tanto as onças pintadas como as pardas.
As duas espécies estão ameaçadas de extinção na fauna brasileira e a Serra do Amolar tem a classificação de ser uma área prioritária para conservação dos animais, além de fazer parte da Jaguar Conservation Unit, por representar um habitat propício para a espécie.
Fonte Correio do Estado