Em reunião, líderes do PSDB decidiram apoiar a candidatura de Simone Tebet à Presidência. A condição imposta ao MDB é conceder aos tucanos as cabeças de chapa em três eleições estaduais: MG, RS e PE.
Ao término do encontro, Araújo ligou para Baleia Rossi, presidente do MDB, na frente de todos. Ele se disse “cobrado” internamente a tomar uma decisão e informou a condição para apoiar a senadora. Deu a Baleia prazo de resposta até quarta-feira (8) da próxima semana e, um dia depois, o PSDB informa oficialmente sua posição na disputa presidencial.
Cresce a possibilidade de Tasso Jereissati, que não queria ser candidato “plano B” à Presidência, sair como vice de Tebet. Isso caso o MDB aceite ceder os três colégios eleitorais considerados caros aos tucanos e onde há conflitos pelas pré-candidaturas.
Minas surgiu como conciliador, pois tucanos graúdos batiam na tecla de candidatura própria e só toparam ceder a Tebet caso o MDB se alie a eles no estado. A intenção é lançar o deputado federal Marcus Pestana ao governo com apoio do MDB, que pretendia lançar Carlos Viana, hoje no PL de Jair Bolsonaro, e depois cogitou investir na campanha do deputado estadual Paulo Piau.
No Rio Grande do Sul, o até então presidenciável Eduardo Leite deve tentar a reeleição, mas tem como concorrente pelo MDB o deputado estadual Gabriel Souza, de quem os tucanos almejam o apoio.
Já em Pernambuco a intenção é lançar Raquel Lyra como candidata pelo PSDB contra o deputado federal Danilo Cabral, que pretende concorrer pelo PSB e, neste momento, o MDB cogita se aliar.
Desistência e indecisão
O PSDB está sem candidato ao Palácio do Planalto desde que João Doria desistiu de sua candidatura, no último dia 23 – em discurso no qual explicitou não ser o nome escolhido pelo partido para a eleição.
Em conversas junto ao MDB, União Brasil (que já desagrupou e tem Luciano Bivar como pré-candidato) e Cidadania em busca de um representante de consenso para a terceira via à Presidência, o caminho natural seria apoiar Tebet.
Até houve movimentação de um grupo tucano que insistia em um nome próprio e tentou reaver Eduardo Leite, mas a ideia não prosperou. Fato é que Aécio, um dos nomes que levantaram a tese, esteve na reunião desta quarta e está em sintonia com Araújo e os demais líderes da sigla.
PSDB ‘inverte regra do jogo’, diz emedebista
Para o blog, o deputado Aércio Neves, que participou do almoço, disse: “continuo defendendo candidatura própria no PSDB e externei isso mais uma vez na reunião de hoje”.
“Percebo que, nas bases do PSDB, não ter candidato representará uma antecipação do segundo turno com as escolhas recaindo sobre Lula ou Bolsonaro. É a vida real”, afirma o tucano.
Segundo ele, “o dano para o partido será enorme, mas não depende de mim essa decisão”. “De todo modo o que ficou acertado é que sem esses apoios regionais não haverá aliança nacional”, afirma Aécio.
Segundo esta fonte, a definição anterior com os tucanos não era discutir acordos regionais nos estados, mas, optar pelos candidatos locais que estivessem mais bem posicionado nas pesquisas de intenção de voto.
Julia Duailibi é comentarista de política e economia da GloboNews.