Presidente da Corte afirmou que sugestões de militares são bem-vindas, mas que “não há Poder Moderador” na Justiça Eleitoral

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ministro Edson Fachin, voltou a reforçar a segurança do processo eleitoral no Brasil e disse que não vai aceitar uma intervenção das Forças Armadas nas eleições. As afirmações, dadas em entrevista coletiva concedida no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná, serviram como uma resposta ao presidente Jair Bolsonaro (PL) que voltou a levantar suspeitas infundadas sobre o assunto.

— Para sugestões, a Justiça Eleitoral está inteiramente à disposição, para intervenção, jamais — disse Fachin, sobre as Forças Armadas.

Ainda segundo o ministro, há uma “preocupação imensa” com a garantia de segurança para o processo eleitoral, o que envolve não só a prevenção a ataques cibernéticos, por exemplo, mas também a integridade física de mesários e eleitores.

— Vamos atuar de maneira preventiva para que não haja incitação a um ambiente beligerante na sociedade, e onde houver, temos que levar diálogo e bandeira da paz. Não há outro caminho fora da democracia, que é um canteiro de obras que tem sons altos, ruídos — destacou.

Ainda sobre os militares, Fachin destacou a importância das Forças Armadas para as eleições, com um histórico de cooperação especialmente na área logística, com o transporte das urnas eletrônicas, por exemplo. Além disso, as Forças Armadas fazem parte da Comissão de Transparência Eleitoral, criada pelo TSE como forma de ampliar a segurança do processo eleitoral. A cooperação também foi motivo de elogio do magistrado, que afirmou que o diálogo com o representante militar no grupo tem “sido frutífero”, inclusive com sugestões acatadas pela Corte eleitoral.

Os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), também se manifestaram em defesa do processo eleitoral. A sintonia em torno do tema foi fruto também de conversa com o próprio Fachin.

Nas redes sociais, Pacheco ressaltou que as urnas eletrônicas são “confiáveis” e que a Justiça Eleitoral é “eficiente”, enquanto Lira destacou que o “processo eleitoral brasileiro é uma referência”.

As manifestações renderam elogios de Fachin durante a coletiva. O ministro disse que o presidente do Senado “é uma dessas almas democráticas que neste momento fazem muito bem ao Brasil”, enquanto Lira “também defende o processo eleitoral e as eleições como meio pacífico de solução de dissensos e se postando na linha de que temos um processo seguro, transparente e auditável”.

Apesar de não ter citado nominalmente Jair Bolsonaro, Fachin também deu recado sobre a desinformação em torno da Justiça Eleitoral e das eleições. O magistrado também disse não haver “razão lógica, ética ou legal” que ameace a realização do pleito na data marcada, em outubro deste ano. Segundo Fachin, “não há Poder Moderador” na Justiça Eleitoral e cabe somente à ela, como determina a Constituição, “a tarefa de caucionar o processo estruturante da governação política”.

— Quem está interessado na democracia não difunde informação, não incita violência, não incita desobediência contra o resultado do escrutínio popular — afirmou.