A inflação acelerou em março e subiu 1,62%, segundo dados divulgados pelo IBGE nesta sexta-feira. É a maior alta para um mês de março desde 1994 (42,75%), antes da implantação do plano Real. Com o resultado, o IPCA acumula alta de 11,30% em 12 meses.
O resultado veio acima do esperado pelo mercado. Analistas econômicos esperavam alta de 1,28% no mês de março, segundo mediana da Reuters.
Pesou sobre o indicador no mês de março o reajuste nos preços da gasolina, diesel e gás de cozinha, concedido pela Petrobras nas refinarias e repassado pelas distribuidoras.
Reajuste dos combustíveis puxa alta
Oito dos nove grupos pesquisados registraram alta em março. Os principais impactos vieram do grupo Tansportes, com avanço de 3,02%, e de alimentação e bebidas, com alta 2,42%. Juntos, estes dois grupos contribuíram com cerca de 72% do índice do mês.
Em Transportes, a alta foi puxada, principalmente, pelo aumento nos preços dos combustíveis, com destaque para a gasolina, que subiu 6,95%.
“Tivemos um reajuste de 18,77% no preço médio da gasolina vendida pela Petrobras para as distribuidoras, no dia 11 de março. Houve também altas nos preços do gás veicular (5,29%), do etanol (3,02%) e do óleo diesel (13,65%). Além dos combustíveis, outros componentes ajudam a explicar a alta nesse grupo, como o transporte por aplicativo (7,98%) e o conserto de automóvel (1,47%). Nos transportes públicos, tivemos também reajustes nas passagens dos ônibus urbanos em Curitiba, São Luís, Recife e Belém “, detalha o gerente do IPCA, Pedro Kislanov.
Cenoura acumula alta de 166,7% em 12 meses
No grupo dos alimentos e bebidas, a alta decorre, principalmente, dos preços dos alimentos para consumo no domicílio. Os preços do tomate subiram 27,22% em março. Já os preços da cenoura avançaram 31,47% e já acumula alta de 166,17% em 12 meses.
Também subiram os preços do leite longa vida (9,34%), do óleo de soja (8,99%), das frutas (6,39%) e do pão francês (2,97%).
O grupo Habitação avançou 1,15% em razão do aumento de 6,57% do gás de botijão, cujos preços subiram devido ao reajuste concedido pela Petrobras em março. A alta de 1,08% da energia elétrica também contribuiu para o resultado do grupo, principalmente por causa do reajustes nas tarifas.
No mês passado, os clientes residenciais da Light no Rio tiveram aumento de 15,53% na tarifa, enquanto para os da Enel, que atende Niterói, Região dos Lagos e Norte Fluminense, o reajuste foi de 17,39%.
Também houve aceleração nos preços dos grupos Vestuário (1,82%) e Saúde e Cuidados pessoais (0,88%). O único com queda foi Comunicação, com -0,05%. Educação subiu 0,15% e Despesas pessoais subiram 0,59%.
Perspectivas
Economistas esperam que inflação acumulada em 12 meses atinja um pico no mês de abril, até que comece a arrefecer de forma lenta e saia do patamar dos dois dígitos em agosto.
O anúncio feito pelo governo de antecipação do fim da bandeira de Escassez Hídrica nas contas de luz para o próximo dia 16 trará um alívio antes do esperado para o consumidor, mas não altera a trajetória de preços pressionados ao longo deste ano. Analistas estimam que a inflação fique entre 6,5% e 7% este ano.
Caso seja confirmado, 2022 seria o segundo ano consecutivo em que o Banco Central não consegue cumprir a meta de inflação. Em 2021, a inflação de 10,06% ficou bem acima da meta de 3,75% ao ano.
Agência O Globo