Alimentação e alojamento foram os que mais registraram demissões entre as atividades características do setor
O setor turístico de Mato Grosso do Sul já apresenta queda de 60% no faturamento desde o início da pandemia. Com isso, o esperado para o setor é de que a retomada seja possível somente em meados de 2022. É o que acredita o diretor-presidente da Fundação de Turismo do Estado, Bruno Wendling.
O porcentual inclui perdas em hotéis, bares, restaurantes, atrativos, transportes, entre outros.
“Enquanto todo mundo não vacinar, o setor vai continuar sofrendo. Fim de junho e julho, a gente espera que tenha vacinação de boa parte da população, mas uma retomada mesmo a patamares anteriores somente com a vacinação lá por meados de 2022”, ressalta Wendling.
A vice-presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens de Mato Grosso do Sul (ABAV-MS), Cristina Aparecida Albuquerque, reitera que a recuperação do segmento será lenta, mas tem esperança com a imunização em massa de toda a população.
“O que eu pensava que podia acontecer neste ano mudou bastante meu pensamento. Então, sobre recuperação do turismo, eu acredito que vai ser bem lento”, explica.
Ainda de acordo com Cristina destinos regionais estão sendo mais procurados, como Bonito e Corumbá. No roteiro nacional, Natal e Maceió também têm tido destaque.
Segundo o Observatório de Turismo de Mato Grosso do Sul, em 2020, os setores que mais perderam postos de trabalho entre as atividades características do turismo (ACTs) foram os segmentos de alimentação e alojamento.
Os dois setores juntos representam 71% das empresas fechadas relacionadas às ACTs no Estado.
No ramo da alimentação, 224 empresas foram fechadas com 1.175 desligamentos de trabalho, conforme o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
Em se tratando do alojamento, 34 empresas fecharam as portas e 495 pessoas perderam o emprego.
De acordo com o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de Mato Grosso do Sul (Abih-MS), Marcelo Mesquita, em janeiro e fevereiro, os hotéis estavam em uma linha crescente na taxa de ocupação no Estado. No entanto, em março e abril registraram queda em mais de 50%.
“O retorno ainda é muito tímido. Eu acredito que ainda vai demorar muito mais daquilo que estávamos prevendo. O prejuízo nunca vai se recuperar. Não se recupera. Nós esperamos agora que esse processo de imunização ajude para que as pessoas possam voltar a viajar”, enfatiza.
“Para a gente chegar ao patamar que fechamos em 2019, somente em 2023. Nós estamos esperando pelo menos dois anos só de recomposição daquilo que a gente já tinha em 2019”.
“A ocupação demonstrava uma relativa melhora no fim de 2020 e início de 2021. Porém, com a segunda onda da pandemia, voltou a despencar novamente a ocupação. Caiu 60%”.
A aprovação da lei que cria o Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse) e o Programa de Garantia aos Setores Críticos (PGSC), em apoio aos setores de turismo e entretenimento, dividiu opiniões para representantes do segmento turístico do Estado.
Para o secretário de Turismo do Estado, a medida não ajuda o setor como deveria ser feito.
“De novo o governo federal mostrando que não quer ajudar o setor como deveria. Não o vejo com empolgação, aqueles que mais impactariam no setor foram vetados”, acrescenta.
Os programas são uma forma de compensar a perda de receitas das empresas de eventos e turismo por conta da pandemia.
As medidas do programa incluem renegociação de dívidas tributárias e o direcionamento de parte dos recursos do programa de crédito a micro e pequenas empresas (Pronampe).
Neste caso, o desconto será de até 70% sobre o total da dívida, e o prazo para quitá-la será de até 145 meses. Os débitos previdenciários terão 60 meses.
Além disso, a medida prevê também assegurar um direcionamento de 20% do Pronampe aos dois setores.
Como a equipe econômica prevê um aporte de R$ 5 bilhões no fundo de garantias do Pronampe, cerca de R$ 1 bilhão iria para esses dois segmentos.
Fonte Correio do Estado