Nas últimas semanas o clima no fronteira é de muita tensão
Desde a prisão de Fahd Jamil, conhecido como o ‘Rei da Fronteira’, em abril deste ano, os grupos criminosos, Primeiro Comando da Capital (PCC) de São Paulo, e o Comando Vermelho (CV) do Rio de Janeiro iniciaram uma feroz disputa pelo controle total da fronteira.
Nas últimas semanas, a fronteira foi cenário de chacina, e diversos assassinatos.
O extermínio recíproco visa conquistar a herança de um império, no qual quem comandava sozinho era Fahd Jamil, que atualmente muito debilitado, cumpre pena em prisão domiciliar em Campo Grande.
Alvo da terceira fase da Operação Omertà, o Rei da Fronteira responde por, tráfico de drogas, homicídio e organização criminosa. O grupo de Fahd, mantinha na Fazenda Três Cochilhas, em Ponta Porã, uma espécie de quartel-general da pistolagem.
Últimas notícias
Além disso, o assassinato do ex-chefe de segurança da Assembleia Legislativa, Ilson Martins Figueiredo, que ocorreu em 11 de junho de 2018, é o crime que expõe a aliança entre o que os investigadores chamam de organizações criminosas de Jamil Name e de Fahd Jamil.
O grupo coordenado por Fahd, também teria executado o pistoleiro Alberto Aparecido Roberto Nogueira (o Betão), em abril de 2016, e Orlando da Silva Fernandes (o Bomba) em outubro de 2018.
Para o comprimento de sua pena em prisão domiciliar, a Justiça estadual exigiu a entrega de passaporte, monitoramento com tornozeleira eletrônica, fornecimento dos dados pessoais de pessoas autorizadas a visitá-lo e também da equipe médica responsável pela sua saúde.
Está formalmente proibido de ter qualquer contato com testemunhas processuais e outras pessoas envolvidas na Operação “Omertá”, que resultou na sua prisão.
Com o afastamento do Rei da Fronteira, o caminho ficou aberto para novos comandos, e nesse momento o derramamento de sangue é inevitável.
No último sábado (09) quatro pessoas foram mortas na saída de uma festa, em Pedro Juan Caballero, cidade que faz fronteira com Mato Grosso do Sul.
Entre os mortos estava a filha do governador de Amambay (Paraguai), Haylee Carolina Acevedo Yunis de 21 anos.
As vítimas haviam acabado de sair de uma festa e estavam em uma camionete branca, quando pistoleiros se aproximaram em outro veículo e disparam contra eles mais de 100 tiros de fuzis.
A suspeita é de que os assassinos tivessem como alvo Osmar Vicente Álvarez Grance, 32, conhecido como Bebeto, morto com 32 tiros.
A polícia apura a suspeita de que Bebeto teria sido morto devido ao suposto envolvimento na prisão de 14 criminosos do Primeiro Comando da Capital (PCC) em uma lavanderia no dia 23 de março.
Também foram mortas no local, a mato-grossense Rhannye Jamilly Borges de Oliveira (19), e a sul-mato-grossense Kaline Reinoso de Oliveira (22).
Além destes, duas pessoas foram feridas, Bruno Elías Pereira Sánchez (20) e a estudante de medicina, Rhafaelli de Nascimento Alves (20).

Após a ação criminosa, polícia paraguaia encontrou um cadáver na noite de sábado (16) na cidade de Pedro Juan Caballero, com um bilhete.
Ao lado do corpo, baleado na cabeça, foi encontrado um bilhete relacionando o crime à chacina.
A carta dizia : “Matei 3 meninas inocentes, fique de exemplo pjc”. Segundo a polícia paraguaia, o homem é o paraguaio Derlis David Sanches Ayala, de 23 anos. Ele foi encontrado após uma ligação avisando sobre o encontro do corpo.
Outros atentados
No final de setembro, o corpo de um brasileiro decapitado foi encontrado em Pedro Juan Caballero, a apenas cinco quilômetros da fronteira com Mato Grosso do Sul.
Na sexta-feira (08),
Em Ponta Porã, na tarde de sexta-feira (08) a vítima foi o vereador local Farid Afif (DEM), 37, assassinado a tiros de pistola enquanto andava de bicicleta. Conforme a Polícia Civil, o autor dos disparos estava em uma moto.
O que as autoridades brasileiras e paraguaias estão fazendo para resolver o problema?
Autoridades policiais dos dois países se reuniram na quinta (14) para tratar de meios para coibir e investigar crimes na fronteira.
Entre as possibilidades estão a criação de bloqueios, operações conjuntas simultâneas em ambos os países e compartilhamento de conteúdo de investigações.
“Temos a criminalidade instalada nos dois países. Se não houver essa colaboração das duas polícias, a gente tem muitas dificuldades em conter a criminalidade, pela facilidade de acesso e de transição de um país para outro”, disse à reportagem a subcomandante da Polícia Militar em Ponta Porã, major Luciane Caniato.
O monitoramento da região, no entanto, permanece um grande desafio. A reportagem conversou com várias autoridades paraguaias que afirmaram não ter nem sequer poder bélico para combater os bem armados traficantes brasileiros.
As ações de inteligência no país vizinho já resultaram em várias prisões de chefões do PCC, que são prontamente substituídos, sem que se afete o quadro geral.
Fonte Correio do Estado