Organização Mundial de Saúde divulga estimativa que contabiliza o total de mortes acima da média histórica. Número considera impacto direto da Covid e o indireto sem notificações, causado por falta de assistência médica, superlotação de hospitais ou pela demora em buscar o médico.
Cerca de 15 milhões de pessoas morreram por causa da pandemia de Covid-19 em todo o mundo até o fim de 2021, de acordo com estimativa divulgada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta quinta-feira (5).
O número (14,9 milhões de mortes, com uma margem de entre 13,3 e 16,6 milhões) é bem superior ao que consta nos dados oficiais do período: 5,4 milhões de mortes por causa da Covid entre janeiro de 2020 e dezembro do ano passado.
Ou seja, a estimativa do chamado “excesso de mortalidade” (número de mortes acima da média histórica) indica que a pandemia teve um impacto três vezes superior ao que consta na soma dos balanços oficiais divulgados pelos países.
A projeção da OMS vai na mesma direção de estudo publicado em março na revista “The Lancet”, que também aponta que a pandemia matou três vezes mais pessoas do que consideram os registros oficiais.
“Esses dados preocupantes não apenas apontam para o impacto da pandemia, mas também para a necessidade de todos os países investirem em sistemas de saúde mais resilientes”, disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
A OMS declarou a pandemia de coronavírus no dia 11 de março de 2020. De lá para cá, o Brasil já registrou mais de 663 mil mortes por Covid-19 e mais de 30 milhões de casos confirmados.
Excesso de mortes: entenda o conceito
As novas estimativas da OMS mostram as mortes associadas direta ou indiretamente à pandemia de Covid-19. “O número de mortes, ou excesso de mortalidade, inclui óbitos associados diretamente a Covid-19, devido à doença, ou indiretamente, devido ao impacto da pandemia nos sistemas de saúde e na sociedade”, explica a OMS.
O número de “mortes superior ao esperado” – chamado de excesso de mortalidade ou excesso de mortes – engloba apenas vítimas de doenças (causas naturais) e não considera os óbitos ocorridos por acidentes ou armas de fogo, por exemplo.
Em períodos de pandemia, há o aumento repentino tanto pelo impacto direto da nova doença como pelo indireto, por falta de assistência médica por superlotação de hospitais ou pela demora em buscar o médico. O “excesso” também captura a subnotificação, ou seja, casos de mortes causadas pela Covid que não foram atestadas por falta de exames ou outras formas de diagnóstico.
Abaixo, entenda os conceitos utilizados pelos epidemiologistas:
- Excesso de mortalidade: mede o impacto da evolução de doenças em uma população e a eficácia do sistema de saúde do país em socorrer esses doentes.
- Cálculo do excesso: é feita a subtração entre os óbitos por causas naturais registrados (ou esperadas) entre o ano analisado e a série histórica anterior.
- Mortes por causas naturais: são aquelas provocadas por qualquer doença, desde um infarto, câncer a Covid-19. Não entram, por exemplo mortes por acidentes, violência doméstica ou armas de fogo.
- Porque o aumento na pandemia?: Foi causado tanto pelo impacto direto da nova doença como pelo indireto, por falta de assistência médica por superlotação de hospitais ou pela demora em buscar o médico.
Países mais afetados
Vinte países, representando aproximadamente 50% da população global, respondem por mais de 80% do excesso de mortalidade global estimado para o período de janeiro de 2020 a dezembro de 2021.
De acordo com a OMS, 84% das mortes estão concentradas no Sudeste Asiático, Europa e Américas, sendo que 68% delas em apenas 10 países em todo o mundo.
Entre os gêneros, a maioria das mortes ocorreu entre os homens, que somam 57% das vítimas.