Um levantamento da Fundação Mata Atlântica, bioma composto por 17 dos 27 estados brasileiros, apontou que entre 2020 e 2021, 21.642 hectares de Mata Atlântica foram desmatados.

O número é 66% maior que o registrado entre 2019 e 2020 (13.053 hectares), e 90% maior que entre 2017 e 2018 (11.399 hectares), o menor índice desde o início da medição, em 1989.

O Atlas da Mata Atlântica foi realizado em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). No local desmatado, caberiam 20 mil campos de futebol. É como se 59 hectares fossem destruídos por dia – ou 2,5 hectares por hora.

“É um problema que afeta todo o país e impacta diretamente a sociedade, pois 70% da população e 80% da economia brasileira se concentram na região. Se as derrubadas persistirem, vai faltar água, vai faltar alimento, vai faltar energia elétrica”, diz Luis Fernando Guedes Pinto, diretor de Conhecimento da SOS Mata Atlântica e coordenador do Atlas.

“É uma ameaça à vida, um desastre não só para o Brasil como para o mundo, pois importantes referências internacionais apontam a Mata Atlântica como um dos biomas que precisam ser restaurados com mais urgência para atingirmos a meta de redução de 1,5°C de aquecimento global estabelecida no Acordo de Paris. Mas estamos percorrendo o caminho oposto, em direção a sua destruição”, completa.

O Atlas não investiga a legalidade do desmatamento, mas segundo Guedes Pinto, aponta para uma devastação do bioma, que vem cedendo espaço para pastagens e culturas agrícolas, além da expansão urbana e da especulação imobiliária.

“A verificação da confirmação da ilegalidade é comprometida pela pouca transparência e pequena disponibilidade de dados dos governos estaduais a respeito das autorizações de desmatamento. A disponibilização desses dados é fundamental para que se possa avançar para o desmatamento zero na Mata Atlântica com a velocidade necessária para contribuirmos para a urgência da emergência climática e garantirmos a provisão dos serviços ecossistêmicos”, diz.