A Rede Municipal de Ensino (Reme) tem 89 alunos surdos e 46 estudantes com deficiência auditiva matriculados nas unidades escolares. Os surdos utilizam a Língua Brasileira de Sinais (Libras) para se comunicar e os deficientes auditivos geralmente usam aparelho e conseguem escutar e oralizar. Para garantir a inclusão dos estudantes surdos, a Reme tem 78 intérpretes que atuam nas Escolas Municipais de Educação Infantil (EMEIs) e nas escolas municipais de ensino fundamental que também ministram cursos para a comunidade em geral.
Uma das alunas surdas da Reme é a Alice da Silva Pereira, 3 anos, do grupo 3 da Emei Cordeirinho de Jesus, no José Abrão. O trabalho desenvolvido na Emei ajudou a família a se sentir segura para que a menina fosse pela primeira vez para a escola. “Eu tinha muito medo, de que ela não fosse se adaptar. Minha insegurança era de que ela não fosse aceita pelas outras crianças. E aconteceu justamente o contrário. Ela ama a escola e é muito bem tratada por todos. As crianças receberam ela bem e agora todos estão aprendendo Libras por causa da minha filha”, afirmou a mãe Gislaine Pereira de Souza.
A Emei tem 110 crianças e além de adaptar a escola para incluir a Alice, também iniciou o ensino de Libras para os alunos da turma dela, garantindo assim que todos consigam se comunicar por meio dos sinais. “A gente precisou aprender a recepcionar ela da melhor forma. A gente já teve aluno autista e cadeirante, e tivemos que estudar como inserir ela na rotina. Uma das primeiras coisas que fizemos foi sinalizar todas as salas, colocar os nomes das professores e assistentes. E deu super certo. É um trabalho que surtiu efeito na escola toda, todas as crianças se interessam pela Libras. Até em outras turmas tem crianças aprendendo a se comunicar com o uso de Libras”, disse a diretora da unidade, Solange Haak.
Na turma, as crianças têm 3 e 4 anos, e mesmo com a pouca idade, a maioria já consegue se comunicar de forma integral com o uso dos sinais. “Eu gosto de dar bom dia para ela, de brincar. Eu aprendi bastante coisa em Libras”, afirma Maria Sofia, 4 anos, que é uma das melhores amigas da Alice na Emei. “Não foi imposto, as próprias crianças que tiveram curiosidade de aprender, e eles se comunicam de forma perfeita com a Alice”, observou a assistente de educação infantil e intérprete de Libras, Edna Aparecida de Melo.

A professora observa que a curiosidade dos alunos provoca necessidade de estudo constante. “Eles são exigentes e querem saber tudo em Libras. E às vezes temos que pesquisar até como sinaliza alguns animais. Eles perguntam tudo e os pais já me disseram que quando estão em casa as crianças acabam se comunicando só por Libras”, disse a professora da turma, Elaine Mello Eleutério.
 “As crianças da Emei Cordeirinho de Jesus são um exemplo de que este contato de comunicação tem que acontecer cedo mesmo. Libras é a primeira língua da Alice e a segunda das demais crianças. A interação com a mediação dos colegas fica mais fácil e assim a Alice consegue compreender tudo ao redor dela”, explicou a técnica da Divisão de Educação Especial (DEE) da Semed, Daniela Cizs.
As necessidades específicas da filha fez com que o pai de Alice, Pedro Arnaldo da Silva, também procurasse aprender Libras. “Eu decidi fazer o curso. Estou aprendendo praticamente junto com a Alice”. A Secretaria Municipal de Educação oferece o curso LIBRAS, de graça, com turmas no período diurno e noturno. As aulas são ministradas no Espaço de Formação Lúdio Martins Coelho – na Semed – e também na Escola Municipal Dr. Eduardo Olímpio Machado, no Jardim Ouro Verde. No total são ofertadas 400 vagas para Libras – básico, intermediário e avançado. Informações sobre os cursos podem ser obtidas pelo telefone 2020-3836.