Denunciada por facilitar operação de caça-níqueis, ela foi alvo de operação do Ministério Público contra rede de jogos de azar. No despacho, juiz cita que ‘gigantesco valor em espécie’ indica ‘grau exacerbado de comprometimento com a organização criminosa’.
A delegada Adriana Belém, alvo da Operação Calígula, deflagrada na manhã desta terça-feira (10), foi presa no início da tarde em casa, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. Durante a ação, a força-tarefa apreendeu quase R$ 2 milhões em dinheiro no apartamento dela.
A 1ª Vara Especializada do Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ) expediu o mandado de prisão.
“O gigantesco valor em espécie arrecadado na posse da acusada, que é Delegada de Polícia do Estado do Rio de Janeiro, aliado aos gravíssimos fatos ventilados na presente ação penal, têm-se sérios e sólidos indicativos de que a ré apresenta um grau exacerbado de comprometimento com a organização criminosa e/ou com a prática de atividade corruptiva (capaz de gerar vantagens que correspondem a cifras milionárias)”, diz a decisão do juiz Bruno Monteiro Ruliere.
Adriana Belém — Foto: Reprodução/ TV Globo
O juiz cita ainda que o dinheiro achado dá “credibilidade ao receio de que, em liberdade, a ré destrua ou oculte provas ou crie embaraços aos atos de instrução criminal”.
Adriana foi nomeada mês passado para um cargo na Secretaria Municipal de Esportes e Lazer do Rio de Janeiro. De acordo com o portal da transparência, o salário dela é de R$ 8.345,14. Segundo a prefeitura, ela será exonerada nesta terça (10).
Em fevereiro deste ano, ela comprou um Jeep Compass, avaliado em quase R$ 200 mil, para dar de presente para o filho que completou 18 anos. Na segunda-feira (9), segundo apurou a TV Globo, a delegada blindou o veículo.
Até a última atualização desta reportagem, 11 pessoas haviam sido presas. Além da delegada, também foi preso o delegado Marcos Cipriano, suspeito de participação no esquema.
Acordo para caça-níqueis
O MPRJ afirma que a quadrilha “estabeleceu acertos de corrupção estáveis com agentes públicos, principalmente ligados à segurança pública, incluindo tanto agentes da Polícia Civil, quanto da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro”.
“Oficiais da PM serviam de elo entre o grupo e batalhões de polícia, que recebiam valores mensais para permitir o livre funcionamento das casas de aposta do grupo.”
Agentes saíram para cumprir, no total, 29 mandados de prisão e 119 mandados de busca e apreensão. Foram denunciadas 30 pessoas pelos crimes de organização criminosa, corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Segundo a Polícia Civil, Adriana Belém e Marcos Cipriano não têm cargos atualmente. “Adriana Belém está afastada de licença, e Cipriano, trabalhando em outra instituição. A Corregedoria solicitará acesso às investigações para dar andamento aos processos administrativos necessários”, declarou.
Adriana era funcionária comissionada da Secretaria Municipal de Esporte e Lazer e ganhava cerca de R$ 10 mil. A pasta informou que ela será exonerada.
O g1 tenta contato com as defesas dos delegados.
Adriana Belém e Marcos Cipriano — Foto: Reprodução/TV Globo